8 de ago. de 2014

Eduardo Prado Coelho | Marguerite Duras




O REGRESSO DO VICE-CÔNSUL 
por Eduardo Prado Coelho 





*




ÍNDIA SONG 



I



Chanson,
Toi qui ne veux rien dire
Toi qui me parles d'elle
Et toi qui me dis tout
Ô, toi,
Que nous dansions ensemble
Toi qui me parlais d'elle
D'elle qui te chantait
Toi qui me parlais d'elle
De son nom oublié
De son corps, de mon corps
De cet amour là
De cet amour mort
Chanson,
De ma terre lointaine
Toi qui parleras d'elle
Maintenant disparue
Toi qui me parles d'elle
De son corps effacé
De ses nuits, de nos nuits
De ce désir là
De ce désir mort
Chanson,
Toi qui ne veux rien dire
Toi qui me parles d'elle
Et toi qui me dit tout
Et toi qui me dit tout







II

Ele, o vice-cônsul, é Michael Lonsdale. Ela, a mulher em torno da qual os homens vivem, Delphine Seyrig: uma extrema lentidão no andar, uma sensualidade quase invisível, feita de reserva e de uma indefinível fadiga, uma voz anoitecida, entorpecida, venenosa e metálica. A música, uma daquelas que ficam na memória sonora do cinema, é de Carlos d'Alessio. O baile na embaixada é uma festa ritualizada de velas, espelhos, passos de dança, conversas ciciadas. O calor é asfixiante. A mansão roda demoradamente em redor de segredos sem fim. Há uma mendiga que ronda a casa e grita a miséria do mundo. Há um "court" de ténis e uma bicicleta encostada ao gradeamento. Há madrugadas na praia onde os corpos desaparecem na imensidão do mar.

Que filme é este? É um filme de Marguerite Duras. Ou melhor, é o filme de Marguerite Duras, aquele para onde tudo converge e donde tudo irradia. É a cena primitiva: o fascínio do feminino na sua verticalidade solar, a vertigem como espaço de pulsões informuláveis, o sentimento de exclusão e o mais longo grito da história do amor, a circularidade obsessiva da música que faz de cada lugar a emergência de um eterno retorno . O filme chama-se "India Song": não começa nunca, recomeça sempre como um momento denso e enigmático na história do cinema, algo que oscila entre o filme da literatura e a literatura de quem viu todos os filmes e e se lançou numa maneira diferente de trabalhar e inventar as imagens. Mais tarde, com aquela dificuldade que Duras sempre teve para se libertar das cenas alucinatórias em que encenava a sua intensidade de viver, ela retomou o filme na sua forma mais estranha. Filmou uma moradia em ruínas como o cenário da história de que ficaram apenas os sons da música e dos diálogos. E nesta forma de criar invisibilidade avançou um pouco mais na dimensão hierática e espectral destas personagens: o tempo passa, as fendas irrompem ao longo das paredes, a erva prolifera e, no entanto, as vozes são sempre as mesmas vozes a dizerem vezes sem conta a paixão do vice-cônsul. Todo o cinema de Duras opera uma ruptura com a representação quotidiana e institui um território irrepreensível de puro desejo. Ninguém caminha para chegar a um lugar porque todos os lugares são os lugares do amor - amor do outro, amor da vida, amor da beleza do mundo. O que o vice-cônsul irá proclamar com a inconveniência dos seu berros desesperados é que a paixão ultrapassa todos os códigos das histórias e aceita a degradação como forma de se intensificar até ao absoluto: "As histórias de amor é com outros que as vive, nós não precisamos disso." É este "não precisamos" (aliás, assimétrico) que dá a medida de um delírio - e a força inultrapassável de uma alucinação.










26 de jul. de 2014

Gilles Deleuze = Marguerite Duras





Gilles Deleuze | Marguerite Duras








Fragmento extraído de:
A imagem tempo II Gilles Deleuze  
Capítulo IV - pag. 303 a 309 - Editora Brasiliense | 2005


⦿
















































COLÓQUIO & MOSTRA DE CINEMA
MARGUERITE DURAS:
UMA POÉTICA DO TRANSBORDAMENTO
em celebração ao centenário da escritora


25 26 27 28 de Setembro - 2014 | Belém 



CINEMA OLYMPIA | CONFERENCIAS & MOSTRA DE CINEMA
Endereço: Avenida Presidente Vargas, 918 - Campina, Belém - PA

CINEMA LIBERO LUXARDO | MOSTRA DE CINEMA
Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo.




ENTRADA FRANCA
Inscrições (gratuitas) durante o colóquio



mais informações: 








24 de jul. de 2014

Programação: Colóquio Margarite Duras







*


CURADORIA

Elisabeth Bittencourt

Luciana Brandão Carreira

Nilson Oliveira



CONVIDADOS

● Ana Maria Medeiros da Costa (RS)
● Agostinho Ramalho (MA)
● Alberto Amaral (PA) (mediador)
● Dayse Rabelo (PA)
● Dominique Fingermann (Fr/SP)
● Elisabeth Bittencourt (RJ)
● Flávia Trocoli (RJ)
● Juliana Manhães (RJ)
● Luciana Brandão Carreira (PA)
● Luciana Silviano Brandão Lopes (MG)
● Manoel Leite (PA) (mediador)
● Nilson Oliveira (PA)
● Paulo Fonseca Andrade  (MG)
● Ruth Silviano Brandão (MG)
● Vanisa da Gama Moret Santos (RJ) (mediador)


***


COLÓQUIO & MOSTRA DE CINEMA
MARGUERITE DURAS:
UMA POÉTICA DO TRANSBORDAMENTO
em celebração ao centenário da escritora


25 26 27 28 de Setembro - 2014 | Belém 



CINEMA OLYMPIA | CONFERENCIAS & MOSTRA DE CINEMA
Endereço: Avenida Presidente Vargas, 918 - Campina, Belém - PA

CINEMA LIBERO LUXARDO | MOSTRA DE CINEMA
Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo.




ENTRADA FRANCA
Inscrições (gratuitas) durante o colóquio


* * *

SERÃO OFERECIDOS CERTIFICADOS AOS PARTICIPANTES DO COLÓQUIO





P R O G R A M A Ç Ã O









DIA 25 | QUINTA-FEIRA – LOCAL: CINE OLYMPIA

Mostra de cinema Marguerite Duras|

18h30 – Exibição do documentário: “ÉCRIRE” (1993). Direção: Benoit Jacquot. Duração: 45 min


19h30 – ABERTURA DO COLÓQUIO MARGUERITE DURAS

19h30MESA de abertura: “A escrita do transbordamento em Marguerite Duras”

Dayse Rabello (PA): A invenção das índias: Criação e experiência em M.D

Elisabeth Bittencourt (RJ): É de tanto não existir que Marguerite Duras existe tanto.

Nilson Oliveira (PA): M.D: escrever ou a escrita como vontade.

Mediadora: Luciana Brandão Carreira (PA)


PROGRAMAÇÃO CULTURAL

20h30 – Performance: Um chão de palavras – com Juliana Manhães.

21h00 – Noite de autógrafos de livros dos conferencistas













DIA 26 | SEXTA-FEIRA – LOCAL: CINE OLYMPIA

Mostra de cinema Marguerite Duras|

14h – Exibição do Filme: “INDIA SONG” (1975). Direção: Marguerite Duras
Elenco principal: Delphine Seyrig, Michael Lonsdale, Mathieu Carrière. Duração: 115 min


CONFERÊNCIAS

16hMesa 1

Flávia Trocoli (RJ): Flor de amor que morde o peito: Lol V. Stein e o efeito Duras

Luciana Silviano Brandão Lopes (MG): O ser-a-três e "O deslumbramento de Lol V. Stein".  

Mediador: Manoel Leite (PA).


17H30 – PAUSA PARA O CAFÉ



CONFERÊNCIAS

18h: Mesa 2

Paulo Fonseca Andrade (MG): "Aqui é S. Talah, até o rio" – Marguerite Duras e a experiência da escrita

Luciana Brandão Carreira (PA): - Entre - dois - rios: a escrita de M.D. e ... a experiência da extimidade.

Mediador: Alberto Amaral (PA)


Mostra de cinema Marguerite Duras|

19h30 – Exibição do documentário: “A MORTE DO AVIADOR INGLÊS” (1993)
Direção: Benoit Jacquot. Duração total: 81 min

















DIA 27 | SÁBADO
MANHÃ – CINE LIBERO LUXARDO
TARDE E NOITE – CINE OLYMPIA

Mostra de cinema Marguerite Duras|

11h – Reapresentação do documentário: “A MORTE DO AVIADOR INGLÊS” (1993). Direção: Benoit Jacquot. Duração total: 81 min. Local: Cine Libero Luxardo.


CONFERÊNCIAS

16h – Mesa 3
Agostinho Ramalho (MA): Marguerite Duras: variações sobre “um vagabundo não arrependido”

Ana Maria Medeiros da Costa (RS): Olhar e errância na poética de Duras.

Mediadora: Vanisa Gama Moret (RJ).


17h30 – PAUSA PARA O CAFÉ


CONFERÊNCIAS

18hMesa 4
Dominique Fingermann ( Fr/SP ): Mar a dentro

Ruth Silviano Brandão (MG): “La mer écrite: la mer, la mère, l’amer”.

Mediador: Nilson Oliveira (PA)













Mostra de cinema Marguerite Duras|

20h- Exibição do filme: “HIROSHIMA MON AMOUR” 1959 . Direção: Alain Resnais. Elenco principal: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dassas, Pierre Barbaud, Bernard Fresson. Duração: 90 min.













DIA 28 | DOMINGO
MANHÃ – CINE LIBERO LUXARDO
TARDE E NOITE – CINE OLYMPIA


11h – Reapresentação do filme: “HIROSHIMA MON AMOUR” 1959 . Direção: Alain Resnais. Elenco principal: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dassas, Pierre Barbaud, Bernard Fresson. Duração: 90 min. Local: Cine Libero Luxardo.

16h- Reapresentação do filme: “INDIA SONG” (1975). Direção: Marguerite Duras
Elenco principal: Delphine Seyrig, Michael Lonsdale, Mathieu Carrière. Duração: 115 min. Local : Cine Olympia.

18h – Reapresentação do documentário:  “A MORTE DO AVIADOR INGLÊS” (1993). Direção: Benoit Jacquot. Duração total: 81 min. Local : Cine Olympia.
20h - Reapresentação do documentário. “ÉCRIRE” (1993). Direção: Benoit Jacquot. Duração: 45 min. Local : Cine Olympia.








































6 de jul. de 2014

SOBRE MARGUERITE DURAS / Michel Foucault & Hélène Cixous



SOBRE MARGUERITE DURAS |
Michel Foucault &  Hélène Cixous

Ditos e Escritos V. III - Estética:
Literatura e Pintura, Musica e Cinema
Editora Forense Universitária – 2001




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Margarite Duras                                         Hélène Cixous                                  Michel Foucault